quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Surpresas na "selva de pedra"

                                                     Belém do Pará



 


Santa Maria de Belém do Grão Pará, nome muito bonito e com muitos motivos (puxa sacooo), com o passar dos anos porém, com essa vida apressada de hoje, o nome da padroeira da cidade e da antiga capitania foi retirado, tornando-se apenas, Belém do Pará. Para os mais íntimos: a “Mangueirosa”.
  


 Fundada em 1616 para proteger as terras lusas de ataques Ingleses e Holandeses (quem diria... nossa cidade já foi cobiçada...) com um forte (mais parece um jardim em formato de forte) que resiste até hoje. A metrópole da Amazônia como por muitos é chamada já viveu épocas de esplendor. Antes o lixo e a falta de educação que mesmo existindo hoje não tiram o charme da cidade, e eram quase inexistentes cem anos atrás. 


     



Antônio Landi projetou na era colonial grandes monumentos para a cidade, como a fachada da Catedral da Sé e o que seria o palácio real. Isso mesmo, se hoje a cidade é foda, era pra ser muito mais, pois seríamos a capital real do Brasil, mas por outra ironia do destino, perdemos mais uma vez (eu sei que quem lê lembrará que podíamos ser sede de uma Copa..., mas fazer o que se nesse país os $$ comandam os governantes). 


  


Durante o Ciclo da Borracha(isso mesmo, a borracha que hoje muitos usam apenas pra apagar um erro a lápis, já deu muito dinheiro...), a cidade de Belém vivia anos de esplendor, a Belle Époque. A Europa havia se transportado para os trópicos, a cidade era uma das mais ricas do mundo(e hoje tem a quarta PIOR renda do Brasil), foi a primeira do Brasil a ter bondes elétricos, energia elétrica e Companhia de Gás. As calçadas que resistem até hoje foram revestidas de mármore, as mangueiras, hoje maltratadas que são símbolo da cidade foram plantadas para amenizar o calor, palacetes e palácios eram erguidos, ruas estreitas tornavam-se “Boulevards”(não eram shoppings, e sim como Paris chamava as largas avenidas... a DOCA, ou “esgoto dos ricos” é uma delas), praças eram ornamentadas com o maior requinte. O “Theatro da Paz”, o cinema mais antigo do Brasil, o “Cine Olympia” que funciona até hoje e o extinto “Grand Hotel” que era quase uma réplica melhorada do Copacabana Palace, foi demolido para enriquecer a Hollywoodiana Paris Hilton com mais uma franquia dos Hotéis “Hilton”. 


         




As pessoas eram proibidas de andar sem camisa ou aparecer na sacada de suas casas sem estar totalmente vestida. Homens usavam chapéus e terno, mulheres vestidos longos. Uma ironia pois aqui sempre fez um calor de matar,( se os costumes eram europeus, e europeu quase não toma banho, imagine o resultado...).


 Viver nessa época podia até ser bom, mas tinha seu preço. Quando tudo parecia bem, eia que a borracha tem seu mercado roubado para  Ásia, devido ao roubo de mudas e sementes para a produção em larga escala no outro lado do planeta. Desde ai a cidade cresceu, CRESCEU, mas não se DESENVOLVEU. 


A era das rodovias chega, e com ela JK “trouxe” trouxe desigualdades. A população cresceu. Porém a educação, saúde e lazer não. E os 400 anos se aproximam, e o que sobrou..., uma população acolhedora, culinária única (eu sei que a primeira vista pode parecer abominável, mas acostuma)  e uma história que traz inveja.


 Podemos ter falado quase tudo de Belém, mas falar em Belém sem falar no Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a maior procissão católica do planeta. É como se falássemos no Rio de Janeiro e não soubéssemos da existência do Cristo Redentor. Mas o Círio merece um post único. Então vamos continuar...




Depois desta BREVE introdução, como falei... É MUITA HISTÓRIA... Vamos começar com um dos símbolos da cidade... A CHUVA.



   


Cidade peculiar, de clima nada controlado. AQUI ou a chuva alaga tudo, ou provoca um tsunami( talvez tenha exagerado um pouco). No mês de março nem o Ver o Peso escapa... Fica debaixo d´água. Todo nato paraense sabe quando ela se aproxima, o céu escurece como se o mundo fosse acabar. Quem não tem guarda chuva espera passar a chuva, quem tem também espera. A chuva é tão forte que as “sombrinhas” não aguentam. Nem quem está protegido escapa, por isso aqui guarda chuva chama-se “sombrinha”, pois só consegue proteger do sol. Quando o inverno Amazônico chega, o dia é assim, muita chuva-chuvisco-sol (troll face) e dilúvio.


 A temperatura nessa época do ano “cai”, pra quem está acostumado com 40 graus e muita chuva, 25 graus faz nos sentir na Sibéria. Garanto que no Sul e Sudeste não se encontra ninguém correndo na chuva, se protegendo com o caderno para não perder a prova, lá o preço do guarda chuva não triplica conforme a itensidade da chuva, e muito menos, faz pessoas surgirem do nada, ao se aventurarem no meio fio para “apanhar” uma manga, que é apenas dentre muitas que caem nesta época do ano. 



Estacionar em Belém já é difícil, nessa época do ano então... Como o centro da cidade tem mangueiras em toda parte, ou seu carro pode ter a vidraça ou a lataria destruída por um fruto, ou o dano pode ser alto, quando mangueiras centenárias vem ao chão. Sem contar com o risco que se corre ao caminhar pelo corredor de mangueiras e uma manga cair na cabeça de um pobre coitado, se isso acontecer e ele continuar vivo pra contar história é otimo. kkk 





Sem contar que o Paraense tem que deixar a maniva fervendo por 1 semana pra tirar o VENENO, que além de dar dor de barriga pode até matar. Irei entrar mais em detalhes ao escrever sobre a culinária paraense.


Vida de Paraense é assim, ou vive em 40 graus ou sofre um dilúvio... Por isso e muito mais que todo paraense é foda!



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